Planejamento da viagem para Argentina e Chile 2017

quarta-feira, 1 de março de 2017
Argentina e Chile de carro, saindo do Rio de Janeiro. Exatamente. Sim, é longe, eu sei, e este tipo de viagem não se faz a qualquer momento. Esta é uma viagem que tenho cogitado há anos e que por um bom tempo permaneceu sem data no horizonte, em resumo por ter ido trabalhar em empresas diferentes nos últimos anos, e com isso os planos de férias foram diversas vezes postergadas. Não sei explicar ao certo desde quando que gosto da idéia de fazer longas jornadas de carro. Talvez seja uma mescla de desafio e liberdade que um carro e as estradas podem proporcionar. E de fato leva-se um certo tempo pra aprender que gostar de viajar longas distâncias inclui considerar os trajetos como parte da graça, tanto quanto chegar e estar nos destinos finais.

Cabe frisar que já conhecemos alguns lugares da Argentina, estivemos há alguns anos atrás em Buenos Aires, Córdoba e Bariloche. Lógico que entendo que chega-se mais rápido indo de avião e é possível alugar carros em diferentes localidades. Mas quem disse que os atalhos sempre são as melhores opções? E se curtir a estrada for um dos objetivos? E se for um desafio pessoal viajar com seu próprio carro?



É fácil perceber que entrar em um avião costuma ser fascinante pra quem tem  por volta de 10 anos idade. Entendo isso perfeitamente, mas viajar de carro pra lugares distantes é muito diferente do kit táxi-e-avião-e-carro-alugado. E para uma viagem com o plano de dar a volta por diferentes lugares, indo por um lado e voltando por outro, e por países diferentes, considero especial poder ir de carro. Se fôssemos de avião pra este roteiro seria necessário fazer parte dos deslocamentos em ônibus para poder seguir ponto a ponto entre alguns dos lugares que escolhemos, fora ter que pegar carro alugado e por vezes depender de táxis locais. Ah não, fiz a escolha pra ir de carro. Tivesse aqui comigo um barco e fosse um navegador com alguma prática nos mares provavelmente faria alguns passeios por mar. Faz pouco tempo que li um dos livros do Amyr Klink e recomendo: Linha d'Água, quinto livro do Amyr, baita história. Há inúmeros relatos de viagens de carro, de moto, de camping e etc na internet.

Já me perguntaram se essa escolha de viajar de carro em vez de ir de avião e usar carro alugado tem alguma motivação pelos custos. Fiz algumas contas e no final os valores são bem parecidos, afinal iremos apenas eu e minha mulher. Definitivamente pra nós não é uma escolha do tipo "porque é mais em conta". É muito mais porque preferimos dessa forma. Sem dúvidas será uma experiência bem diferente.

Aqui em detalhe os lugares onde vamos ficar alguns dias, de baixo para cima: Bariloche, San Martín de los Andes, Pucón, Santa Cruz (vinícolas chilenas), Lujan de Cuyo e Tupungato (vinícolas argentinas).

Uma etapa que considero importante em uma viagem como esta é a fase pré-viagem, todo o planejamento e escolhas de lugares onde ir e também identificar os lugares que ficaram de fora. Estudar e pesquisar lugares pela internet dá um certo trabalho, mas bem que eu gosto de pesquisar e me considero do tipo que gosta de ir sabendo onde vamos ficar e o que virá pela frente. Pra mim pesquisar pousadas, hotéis e até restaurantes faz parte da viagem tanto quanto pesquisar lugares e estradas onde queremos ir e onde não iremos. O tripadvisor está aí pra isso e prefiro ver com antecedência. Claro que entendo quem gosta de viajar sem datas certas, sem reservas de hotéis e com a flexibilidade de ir escolhendo quanto tempo ficar em cada local durante a própria viagem. Mas por hora esse não é muito o meu caso.

Hoje depois de muitas pesquisas feitas e com as datas e locais marcados no calendário acho curioso perceber quantas vezes mudei o plano base. Tinha lido muitos relatos de viagens de carro em fóruns e blogs. Muitos brasileiros, a maioria partindo da região sul, descem por toda a Argentina até a cidade mais distante, Ushuaia (em espanhol pronuncia-se Ussuaia), em geral indo pelo litoral e retornando pela região da Cordilheira dos Andes. No entanto esse circuito não foi minha escolha desde o início por basicamente dois motivos. Primeiro porque saindo do Rio de Janeiro ir até Ushuaia é de fato bem longe. E segundo porque lá pra baixo ainda há alguns caminhos que não estão asfaltados, são de rípio, uma mistura de chão batido e pedras. Acho que por esse mesmo motivo também não cogitei passar por El Calafate e El Chaltén.

Um dos lugares que estava nos primeiros planos - este sim - era passar e conhecer a Carretera Austral, caminho com mais de mil kilômetros na parte sul do Chile. Li os relatos de viagem de quem esteve por ali e realmente deve ser um lugar muito bonito. Cogitei entrar no Chile por Futaleufú ir descendo até sair por Chile Chico, mas por alguns motivos esse trecho todo ficou de fora. Talvez o primeiro deles seja porque como é nossa primeira viagem de carro do tipo muito longa resolvemos não tentar todos os lugares e deixar o passeio longo demais. Sempre é bom deixar alguma coisa pra ver como novidade numa próxima ocasião. Outros dois motivos foram por termos reduzido a duração total da viagem de 33 para 26 dias, isso conta, e por saber que muitos trechos lá pra baixo são em rípio e que os trabalhos para asfaltar a via estão em andamento mas é certo vai levar tempo para que terminem. Sem contar também que a região da Carretera Austral é um lugar onde chove bastante e não estava nos meus planos fazer uma viagem com carro do tipo que tem suspensão elevada para transitar por maus caminhos.Também ficou de fora dos planos por falta de tempo passar por Puerto Madryn para ver as baleias que todos os anos aportam ali (geralmente em setembro e outubro).

E bem lembro de duas curiosas mudanças de trajeto. Inicialmente a idéia era seguir do Rio de Janeiro e entrar na Argentina por Foz do Iguaçu, voltando por Uruguaiana e Curitiba. Chegamos até a fazer uma viagem-teste quando fomos do Rio até Maringá para passear, visitar uma amiga, e conhecer parte desse trecho. Foram 1150km só de ida feitos em um único dia. No entanto algum tempo depois, considerando que serão muitos dias de estrada, e tentando otimizar todo o circuito, resolvi alterar o plano para fazer a ida e volta passando por Curitiba, que pra nós é o caminho mais curto. E mudei também a sequência do passeio. Inicialmente faríamos uma volta em sentido anti-horário, indo de Mendoza para Santa Cruz no Chile, descendo para Pucón e depois voltando do Chile para a Argentina visitando a região de Bariloche. Mas mudamos por um motivo prosaico: queremos comprar alguns vinhos em Mendoza e no Chile pra trazer pra casa e percebemos que não era muito conveniente rodar pelas vinícolas e seguir com os vinhos por todo o trajeto. Por isso optamos por inverter a ordem que foi pensada, e então Bariloche passou a ser o primeiro destino oficial, e Mendoza o último. Pronto.

Portanto este abaixo é o plano de ida até Bariloche, indicando os lugares onde vamos parar para pernoitar, e a seguir a sequência da viagem, passando por lugares que nunca fomos como as cidades turísticas de San Martin de los Andes e Pucón, e vamos também para a região vinícola do Chile em Santa Cruz e da Argentina em Lujan de Cuyo e Tupungato. Vale observar que tentamos ao máximo manter as distâncias percorridas dentro da margem de 800km em um mesmo dia. Já fizemos por duas vezes trechos com quase 1200km num mesmo dia (Brasília-Rio, Rio-Maringá), e particularmente acho que 800km nos dias de estrada já está de bom tamanho.

Por conta de algumas dicas de outros viajantes resolvemos evitar algumas estradas, por exemplo a RP-127 na Argentina, que era pra ser o caminho mais curto entre Paso de Los Libres e Santa Fé, mas essa é uma estrada que tem partes em concreto e relatos de muitos ressaltos na pista e em mau estado próximo à cidade de Federal. A opção é seguir pela ruta 14 até um pouco depois de Concórdia e pegar a Ruta 18. Da mesma forma pensamos em evitar o trecho entre San Francisco e Villa Maria por relatos de pavimento ruim. E na volta no trecho que retornamos para o Brasil o caminho mais curto seria depois de pernoitar em Colón entrar para o Uruguay em Paysandu e seguir até Rivera e Santana do Livramento. Mas por esse caminho cortando o norte do Uruguay parece que o pavimento também está ruim há muito tempo.

IDA

VOLTA